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A temática relacionada à logística reversa tem sido discutida no meio acadêmico e empresarial como forma de entender os processos internos e externos de movimentação, transporte, acondicionamento, disposição final e tratamento de produtos ao longo da cadeia produtiva, nos diferentes estágios desde a aquisição da matéria-prima até o pós-consumo.

Embora a indústria de transformação tenha desenvolvido técnicas eficientes de produção, ainda há espaço para melhorias e a redução de perdas.

A elaboração de um programa de Logística Reversa não deve iniciar- se apenas como uma obrigação, muitas empresas mostram que isso pode (e deve) ser encarado como um diferencial competitivo, uma vez que, implementadas essas mudanças podem representar economia e vantagens para a organização e seus clientes e fornecedores.

Um dos primeiros passos é fazer um levantamento de todas as saídas para garantir que os resíduos não virem lixo.

Isso configura o início de um Plano de Logística Reversa que levará vários detalhes em consideração como o ciclo de vida de cada produto e toda a operação de tratamento desses resíduos gerados durante a fabricação.

Ou seja, na prática você deve envolver também colaboradores que dominem toda a cadeia de matéria prima e insumos utilizados na organização.

Para elaborar um plano de logística reversa eficiente e com o mínimo de custos possível todas as etapas, processos e possibilidades devem ser bem avaliados para a escolha do melhor procedimento.

A logística reversa não é uma “receita de bolo”, portanto há diversas formas de implantar um projeto dessa linha, sendo que algumas abordagens apresentarão soluções mais adequadas ao seu modelo de negócio e produção do que outras.

Coletar e reciclar embalagens e produtos pós-consumo ou que não estão sendo utilizados é uma das saídas, além disso, a reutilização desses insumos também é uma opção.

O importante é garantir que aqueles resíduos tenham uma nova função, mesmo que não seja inserido novamente na cadeia de suprimentos.

Para as empresas que tem a obrigação de recuperarem suas embalagens, uma estratégia interessante para programas de logística reversa é construir parcerias com atores fundamentais da cadeia de reciclagem brasileira: cooperativas e catadores de materiais recicláveis.

A integração de empresas com esses profissionais tem o potencial de viabilizar fluxos reversos e gerar benefícios econômicos e socioambientais, principalmente quando há o poder público envolvido nesta integração.

Outra opção é criar pontos de coleta pelas cidades, tem empresas que inclusive oferecem créditos ou brindes para clientes que levam seus produtos sem uso, como o exemplo da Apple citado no artigo anterior.

Empresas que dão exemplo de logística reversa

Tratando-se de meio ambiente, as empresas (principalmente as de grande porte) muitas vezes são consideradas grandes poluidoras.

Ao mesmo tempo, por terem grande visibilidade são empresas que muitas vezes buscam soluções para seus impactos e melhoria de processos, muitas vezes servindo de exemplo para empresas menores.

Essas são as empresas que se adiantam nas questões e já sabem como trabalhar a logística reversa encontrando oportunidades no manejo de seus resíduos e posicionando-se à frente das que precisam se adaptar a legislação.

Abaixo, trazemos alguns exemplos de organizações que implantaram o gerenciamento de resíduos adotando sistematicamente um conjunto de ações efetivas.

1.       McDonald’s

A maior cadeia mundial de restaurantes fast food tem uma maneira diferente e mais sustentável de tratar o óleo utilizado em suas cozinhas para fritar as batatas fritas.

Em parceria com a empresa Martin-Brower, foi desenvolvida uma técnica de logística reversa focada na sustentabilidade a fim de regularizar o descarte de óleo utilizado nas frituras de suas filiais.

O óleo utilizado é recolhido pelos caminhões que abastecem as filias com os alimentos e os levam para análise.

Aprovado na análise esse óleo é encaminhado para uma usina que o transforma em biocombustível.

Esse biocombustível é utilizado nos próprios caminhões da empresa, sendo inserido mais uma vez no ciclo.

Outro objetivo sustentável da empresa é ter 100% de suas embalagens provenientes de fontes renováveis, recicladas ou certificadas até 2025, de preferência pelo selo FSC (Forest Sterwardship Council), que garante que os produtos provêm de florestas manejadas de forma responsável.

Em 2018, a rede informou que cerca de metade das embalagens são provenientes de fontes renováveis, recicladas ou certificadas, e 64% das embalagens baseadas em fibra provêm de fontes certificadas ou recicladas.

Essas medidas não só agregaram valor aos produtos, melhoria de processos e redução dos impactos ambientais, trouxeram resultados comerciais e financeiros positivos.

Segundo Tom Murray, vice-presidente de parcerias corporativas do Environmental Defense Fund, que é um dos parceiros do McDonald’s na iniciativa de redução de dejetos e reciclagem, a empresa economizou cerca de 6 milhões de dólares por ano desde a iniciativa dessas ações há quase 30 anos atrás.

2.       Natura Cosméticos

A preocupação da Natura com a sustentabilidade vem de longa data.

A busca por medidas e processos impactantes iniciaram-se em 1983, quando lançou a venda de seus produtos em refil para minimizar o impacto ambiental do descarte das embalagens, sendo a primeira empresa a realizar este tipo de venda no país.

Além de outras medidas sustentáveis, em 2013 a empresa lança a linha SOU, fabricada com 70% menos plástico e com formato que permite a utilização total do produto evitando desperdícios, a fim de promover o consumo consciente de produto desde sua fabricação até o descarte.

Em 2014, inicia projeto piloto de logística reversa onde adotou o uso de 20% do vidro reciclado nas embalagens de seus produtos de perfumaria, tendo também como objetivo evitar a “emissão de 350 toneladas de gases causadores de efeito estufa no meio ambiente por ano.

A produção com vidro reciclado ocorre desde o início de 2015, com o uso equivalente a 1,3 milhão de garrafas de 345g.” (NATURA, 2017).

Além da reciclagem do vidro, em 2014 foram desenvolvidos “os refis da linha de fragrâncias Natura EKOS Frescores, produzidos com PET 100% reciclado pós-consumo e que geram 72% menos emissões de gases de efeito estufa.” (NATURA, 2017).

Esse programa para reutilização de resíduos é baseada no recolhimento de embalagens e materiais de divulgação, processamentos dos mesmos, reciclagem e reutilização.

A Natura é responsável por todo o processo, não havendo envolvimento de nenhuma outra empresa.

3.       Pneus Bridgestone

Além do processo de coleta seletiva, a fabricante de pneus japonesa aplica sistema de logística reversa em suas plantas com ajuda da parceria com a Reciclanip, instituição criada pela Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip) e responsável pela destinação correta dos pneus no fim de sua vida útil.

Segundo a Bridgestone, além do ganho ambiental, melhoria dos processos e atendimento a legislação, a ação tem contribuído para a regularização das atividades de empresas laminadoras que atuam na informalidade, já que a Reciclanip exige de seus parceiros licenciamento junto aos Órgãos Ambientais Estaduais e junto ao IBAMA.

No plano de logística reversa, o procedimento ocorre com o recolhimento dos pneus que são encaminhados para empresas de trituração e picotagem cadastradas no programa.

Os fragmentos resultantes desse processo são reutilizados como combustível alternativo nas indústrias de cimento, matéria-prima na confecção de pisos, blocos e guias em substituição a brita, além de confecção de solados de sapatos, borracha para vedação e peças de reposição para indústria automobilística, entre outras atribuições.

No segmento de recapagem, o pó de borracha, um dos grandes resíduos resultantes do processo de reforma, é destinado corretamente pela rede Bandag, que utiliza o pó como fonte de energia alternativa e na construção de quadras esportivas.

Nesse plano são cerca de 700 pontos de coleta distribuídos por 22 estados brasileiros, o que permitiu, até dezembro de 2012, a destinação apropriada de 330 milhões de pneus inservíveis.

Fiquem ligados que essa é a Semana do Sistema de Gestão Ambiental criado pela Qualtec Consultoria e teremos no decorrer da semana conteúdo gratuito e exclusivo.